01 - Prólogo
Minha vida é um caos, na realidade nem tudo é realmente um caos. Minha vida é estressante, monótona, amaldiçoada e confusa. Como eu suspeito, tenho mais de uma personalidade, talvez até três, mas nenhuma delas realmente é normal e, apesar dessa vida inútil, sangrenta e vaga, me encontro feliz na maioria do tempo. Em todos os lugares em que passo, no colégio é onde me sinto melhor. Tenho 17 anos e estudo, hoje, no 2º ano do ensino médio. Dizem que sou nerd, apesar de apenas prestar atenção na aula e nada mais, as vezes . Sou mais bagunceiro do que quieto. Não ligo muito para o que os outros pensam... E também não ligo para a existência da maioria das pessoas... Meus colegas andam comigo porque querem. Eu não sai pedindo amizade pra ninguém.
Tenho muita coisa a esclarecer aqui. Mas não vou falar muito nessa “introdução” se é que posso chamar essa breve capitulo assim. E caro leitor, caso pense que ira ler algo como pessoas se beijando, um romance com felicidade, não leia, será muita desgraça para uma história apenas. Tente lembrar-se quando terminar de ler: eu avisei que ia ser assim. Não me importo se você leu achando que era uma mentira.
02 - Breves Segredos
Dizem que sou estranho, apenas porque tenho alguns problemas de querer matar algumas pessoas. Nem mesmo eu me entendo. Sou bem novo, apesar de saber algumas coisas melhor do que muitos adultos (-Sexo). Muitas vezes quando não estou fazendo nada penso em frases de sofrimento, ódio e muitas vezes desenho coisas relacionadas a morte, porque é isso que desejo pra maioria das pessoas. Acho que é por causa de tudo o que eu sei de todos. Imagine você, leitor, saber o segredo de muitas pessoas; agora imagine que todas as pessoas são problemáticas com vidas difíceis. Se você me entende, vai se reconhecer nesta historia (ou não), se não, tente não imaginar, ou você ira ficar louco.
Em resumo, posso dizer que as pessoas confiam de mais em mim. Talvez seja porque eu sou um cara que, por vários motivos, acabou passando ao sadismo numa boa.
03 - Capítulo I
Bom, agora, caro leitor, deve começar realmente a historia. Sim, tudo o que eu havia escrito era sobre mim e minha terrível vida. Agora meu pesadelo recomeça.
[...] Há dois anos [...]
Naquele dia eu estava nervoso, uma sexta-feira de abril, dia 13. Não sabia o que fazer, gostava de uma pessoa, mas havia dito que iria ficar com outra.
Não podia decepcioná-la. No intervalo fui para o lugar que me disseram para estar, lá estava ela, Ludmila. Não a conhecia muito bem, na realidade não a conhecia mesmo, apenas sabia que queria ficar comigo e que fazia vôlei no mesmo lugar que eu. Suas amigas nos empurravam para nos beijar enquanto elas estivessem ali, já que o intervalo não demorava mais do que 20 minutos. Nós não queríamos. Não com todo mundo ali, nos vendo, nos olhando como se fossemos dois estranhos. Éramos dois tímidos. Quando bateu o sinal, todos se foram, menos eu e ela. Fiquei olhando-a, seu cabelo loiro, seu rosto suave, seus lábios e disse:
- Sei que isso é o certo a se fazer. - Não sei o porquê, mas eu sabia que devia beijá-la.
Quando a beijei não sabia o que estava sentindo, era muito bom, foi breve o beijo, porém foi como se tivesse durado anos. Queria de novo, queria mais, mas não dava. Tínhamos que voltar para a sala ou estaríamos encrencados.
Corremos para a sala, cai na escada, ela apenas riu e continuou para a sala dela, me deixando para traz como se fosse alguém que ela não quisesse. Voltei a correr, ela foi para a sua sala e eu para a minha. Mais um minuto e ela teria ficado do lado de fora da sala, o contrario de mim que acabou se ferrando e levando uma advertencia.
No final da aula, ficamos conversando até que ela teve que ir embora.
-Qual o seu Orkut?-me perguntou já indo para o carro.
-É só você colocar Wlad na procura que vai me achar, só têm eu com esse sobrenome. E é com “w”.
Ah! É mesmo. Ainda não disse o meu nome. Chamo-me Wladslaw. Sou o único que conheço com esse nome (o único azarado pra tê-lo), pelo menos no meu colégio. Todos me chamam apenas de Wlad, provavelmente acham mais fácil assim.
Quando cheguei em casa, almocei e fui para o computador. Ela já tinha me adicionado. Fui direto às fotos dela, para conhecê-la melhor. Surpreendi-me, ela tinha mais fotos do que todas as minhas colegas juntas, o contrario de mim, que tinha nenhuma.
Quinta e sexta feira foi dias comuns para mim, isto é eu conversava com a Lud, mas mesmo querendo beijá-la, não o fiz, talvez porque ela não iria deixar ou ainda porque tinha medo de levar um fora. Já não aturando mais a vontade de dar mais um beijo nela. Sábado, por Orkut, mesmo querendo que tivesse falado e não escrito, perguntei a ela se queria ficar comigo.
“Queria que tivesse perto de você para poder falar isso. Depois daquele beijo não parei mais de pensar em você. Nesses dois dias que estávamos conversando, sempre quis te dar um beijo. Já não agüento mais. Sei que pode parecer estranho, depois de um beijo uma pessoa se apaixonar por outra, mas é isso o que aconteceu. Falo bem alto se você quiser que EU TE AMO e que quero muito ficar com você.”
Não demorou muito mais do que duas horas para a resposta. “Ah isso foi algo surpreendente,não esperava tão cedo o seu pedido. Vamos ficar sim. Eu te amo.” Era tudo o que eu queria ler naquela hora, pelo menos para melhorar minha auto estima. Ela me pediu meu email para adicionar no MSN. E passamos a conversar pelo MSN, até tarde da noite (Na verdade apenas até 22:30 porque ela tinha que dormir).
03,5 - O tempo passou e a coisa acabou
Passaram-se dois meses depois que beijei a Ludmila. Ainda estávamos juntos, mas ela ainda não confiava em mim e sentia muito ciúmes, quando conversava com outra menina, certa vez ela quase quebrou o braço de uma menina, simplesmente porque ela me deu um abraço.
Durante os jogos do meu colégio, foi tenso. Foi à única vez na minha vida que a vi sendo um pouco... romântica e sexy ao mesmo tempo. Parece estranho, mas ela era mais bruta do que muito macho tem por ai. Sempre nos encontrávamos no ônibus que nos levava do colégio ao clube onde tínhamos os jogos. Durante a ida e a volta íamos de ônibus e era onde ela ficava romântica e sexy. Não parávamos de nos beijar e por mais que a diretora ou auxiliares da mesma tentavam nos separar ou falava que iríamos levar suspensão, não parávamos, quase eu e ela (tive que aproveitar essa hora, foi a única vez em que me aproximei realmente dela) batemos em um auxiliar que colocou o braço entre eu e ela, mordi ele bem na ponta do dedo, rançando sua unha e um pedaço dele. A diretora saiu no mesmo instante percebendo que não iria tão cedo nos separar, ela fez uma cara de nojo, mas eu me limpei e continuamos a nos beijar, mas fora do ônibus era a mesma coisa de sempre, ela me batendo sempre que tentava beijá-la e quase matando minhas amigas (o que com o tempo foi reduzido a menos do décimo do total).
Na realidade não sei como durou tanto tempo o nosso “namoro”, se é que posso falar que aquilo era namoro. Mas acho que é porque eu estava realmente gostando dela. No ultimo dia de jogos (dia anterior às férias) foi quando ela terminou comigo:
-Wlad... vamos ter que terminar- disse me dando um tapa na cabeça.
-Mas por quê?-perguntei
-Porque eu não quero mais ficar com você. Foi até legal ter você do meu lado, mas não te agüento mais.
-Ah então ta né- disse pensando que deveria ser o contrario. Depois disso ela me deu um forte abraço, depois um longo beijo (e bota longo nisso) e por ultimo ela me deu um tapa (que tenho certeza que foi com toda a força dela) que eu rodei. Fiquei com cara de bobo tentando entender o que tinha acontecido, ela estava indo e eu estava ali parado olhando-a ir a embora.
04 - Vejo minha vida passar pelos meus olhos
Depois de que a Lud me deu um fora, minha vida ficou sem rumo. Fiquei um pouco mais rebelde com meus pais, ou seja mais brigas e mais machucados, passei a brigar um pouco mais no colégio e a ficar mais quito na sala de aula. Muitos passaram a ter mais medo de mim do que já tinham
Já tinham porque era conhecido como um dos caras mais fortes do colégio, o que não era verdade, simplesmente porque um dia em uma briga normal acabei quebrando o braço de um cara com apenas um soco. Muitas vezes fui ameaçado de morte, mas nunca fizeram nada comigo. Até hoje.
Era uma terça feira, estava no colégio para o almoço e estava esperando o meu sanduiche quando Lucas, um machonheiro muito conhecido no colégio por também ser um brigão. Ele vivia junto do seu grupo, que no intervalo simplesmente desapareciam. Um dia, porém ele resolveu aparecer e criar caso com a primeira pessoa que estivesse por perto, o que infelizmente era eu. Não sei se foi sorte ou azar ter encontrado ele, mas naquele dia estava com um pouco de raiva (ele me encontrou logo depois de eu ter levado mais um fora de uma menina).
-Ei! Bichinha ae que acabou de levar um fora!- gritou apontando para mim. Não sou muito de ficar grilado com insultos insignificantes mas fiquei com mais raiva ainda porque ele sabia (de alguma forma) que eu tinha levado um fora.
-Vai pro quinto dos infernos! E vê se me deixa em paz.-disse saindo da direção dele.
-Que que foi? Ta chorando ta?- ele disse vindo na minha direção. Na mesma hora parei e comecei a contar na minha cabeça para não fazer algo pior. Percebi quando ele chegou perto de mim um cheiro forte, parecido com cigarro, e que ele estava com os olhos muito vermelhos, estava desconfiando que ele tinha acabado de fumar.
-Sai de perto de mim.- disse dando um empurrão nele para traz.- Não quero confusão.
Vi que ele não gostou de ser empurrado e que ia brigar. Me coloquei na defensiva, isto é um pé mais atrás para o que quer ele fosse fazer.
Na minha escola não tem muito policial, então a entrada de drogas e outras coisas, que em colégios comuns são proibidos, era mais liberada. Nunca tive medo de maconheiros, eram sempre os piores da sala e eu sabia que a vida deles não seria muito grande e que viveriam até os 26 anos mais ou menos.
Voltando a minha briga com o Lucas, ele veio para cima de mim com uma voadera, o que foi fácil de desviar, porém, logo em seguida, ele me deu um soco na minha perna fazendo com que eu me curvasse um pouco. Para revidar, aproveitei que ele estava se vangloriando de ter conseguido bater no “cara mais forte do colégio” e meti-lhe um chute no meio das costas e acabei caindo de costas no chão, não deu muito certo já que estava sem equilíbrio e um pouco longe dele. Levantei-me e lhe dei um soco no braço, como fiz uma vez, e quase que quebro o braço dele, fiz ele levar o braço junto ao corpo e em seguida dei-lhe um chute no estomago, em cima do braço que tinha acabado de socar, e o derrubei no chão. Vendo que ele não tinha muita opção na luta e que acabaria perdendo se não tivesse ajuda, gritou por seus colegas:
-EI!! VENHAM ME AJUDAR AQUI!!- Ninguém veio para perto dele para defende-lo. Ele levantou um pouco com dificuldades. Quando levantou, percebi que carregava algo na cintura, não dei muita importância, de inicio. Ele retirou o que trazia no jeans. Uma arma calibre 38 eu acho. Não sabia o que eu fazia, estava na mira da arma. Todos que assistiam correram com medo.
-E agora valentão? O que vai fazer?- Disse Lucas apontando a arma para mim e se aproximando, quando chegou do meu lado, encostou a arma na minha testa e falou:
-Vamos brincar ou você prefere morrer logo?-disse abrindo o lugar onde colocava as balas.
-Brincar- eu disse meio desesperado. Não tinha medo de morrer, mas sentia que ainda tinha muito para fazer. Ele então tirou todas as balas e colocou uma. Para mim era um mau sinal, o que significava que ele queria fazer “roleta russa” com a minha vida.
05 - A primeira rodada
Eu não podia fazer nada, ele colcou a bala na arma e girou. Enquanto girava comecei a pensar no que tinha feito na minha vida (o que não era muito).
Pensei na Ludmila, e na arrogancia dela, e em como seria se tivéssemos dado certo juntos. Percebi que não ia muito longe essa relação mesmo, ela não gostava de mim.
Pensei também em outras pessoas que eu gosto e que nunca tentei ficar. Jordana, Gabriela e muitas outras (ou não). Não era muito "pegador" como muitos se dizem ser, mas que na realidade nem para pegar a mãe não serve. Talvez eu não tenha muita sorte com relacionamentos, tirando a Lud fiquei com........nenhuma outra garota. Sim ela foi a primeira para mim, e acho que eu fui o primeiro para ela tambem, pelo menos é o que dizem os boatos.
Não tinha aproveitado minha vida ainda, mas eu nem tinha uma!, então acho que não seria muita coisa eu morrer naquela hora, mas eu queria fazer alguma coisa ainda. Acho que me declarar para a pessoa que eu realmente gosto (ou não), ou então brigar mais um pouco (apenas para descontar minha raiva do mundo), ou apanhar também. Não, eu não iria morrer ali com tantas coisas para eu fazer.
Quando voltei ao real, Lucas estava para atirar, indo colocar o dedo no gatilho quando eu disse:
-Eu não vou morrer, nem aqui nem agora!- e bati na arma abaixando ela, mas ele conseguiu efetuar o tiro no fim das contas. Acertou a minha coxa.
Senti uma dor extrema, não senti que a bala ultrapassou. Dei muita sorte de ter feito aquilo porque ele não tinha colocado apenas uma unica bala, tanto é que ele atirou mais duas vezes para o chão. Eu consegui tirar a arma dele a base da força, mas quando tirei ele correu. Como nunca havia usado uma arma, não ia ser naquela hora que eu iria aprender. Tinha tudo para acerta-lo na cabeça, mas minha visão começou a embaçar e meu braço foi ficando sem força. Minha perna estava sangrando muito, ja tinha coberto todo o espaço ao meu redor. Desmaiei logo em seguida, tinha perdido muito sangue.
06 - PAUSE
Eu sou um heroi ou algo parecido? As vezes me pergunto isso, mas não, não sou. Sou uma pessoa que em momentos de perigo, tenho uma personalidade um tanto perigosa (as vezes mais do que a situação em si), isto é uma personalidade que não costuma ter muito medo. Antes essa minha personalidade só funcionava quando eu ficava com muita raiva, mas com o tempo passei apenas para momentos de perigo, e quando eu ficava com raiva, não sei como, tinha um pequeno aumento de força agilidade e etc. ,por mais que isso pareça estranho é verdade, já fiz esse teste comigo, ou melhor já fizeram esse teste comigo, foi mais ou menos assim:
No meu colégio, um dia, antes de os professores chegarem do intervalo, os meus "amigos" me deixaram do lado de fora e me prenderam la, empurrando a porta. Comecei a ficar com raiva e tentei abri a porta, vi que com conversa não ia então resolvi empurrar também. Com o tempo comecei a abrir a porta, mas logo que comecei a abrir veio outro e fechou a porta, fiquei com mais raiva e empurrei com mais força, veio outra pessoa e fechou a porta, foi assim até ter dez empurrando de um lado e eu do outro. Foi ai que eu realmente grilei e empurrei com tudo. A porta não aguentou muito e quebrou, caindo no chão fazendo o maior barulho. O mais estranho disso tudo foi que não levei suspensão, nem advertência, nem pagar a porta não tive.
Acho que deu para entender o que aconteceu comigo aquela hora que eu fiz o que ninguém esperaria, ninguém que seja normal pelo menos. É melhor continuarmos a historia, antes que fale mais coisa do que devo.
PLAY....
07 - Acordo
Acordei e tinha uma pessoa muito bonita ao meu lado. Olhos castanhos, cabelos lisos e pretos, lábios que deixavam qualquer um com vontade de beija-los. Quando percebi quem era perguntei:
-Não sabia que no inferno tem pessoas bonitas.
-Não, você não morreu. Pelo menos não ainda. E também não acho que exista pessoas bonitas no inferno. -Ela falou. Passei a mão nos olhos para ver se não estava sonhando mesmo.
Lembra-se que falei que não queria morrer aquela hora porque tinha que me declarar para a pessoa que eu realmente amo, caro leitor? Pois é, ela estava ali, bem ao meu lado. Jordana. Ela é minha melhor amiga, conheço desde que entrei nesse inferno que eu chamo de colégio. Depois de um abraço (que doeu bastante em mim) ela falou:
-Você é mesmo maluco não?
-Mais ou menos. Mas há quanto tempo eu estou aqui e onde eu estou?
-Você esta em um hospital, você perdeu muito sangue e a bala ainda estava alojada na sua perna, e se não retirasse ela, você poderia perder sua perna. Já quanto ao tempo, se passaram duas semanas desde que você teve aquela... ahm... aquela briga com o João.-ela fez uma cara de confusa mas logo melhorou-Mas onde mais você estaria? Em uma marcenaria?
-DUAS SEMANAS??
-Ehhh... você teve que ser colocado em anestesia para tirarem a bala, e toda vez que os medicos tentavam tirar a bala, você tinha um ataque epi..epi...
-Ataque epilético -falei
-Isso, isso mesmo. Dai eles não podiam fazer a cirurgia, mas ontem eles conseguiram, após colocar você em coma.
-Bom tirando isso, o que tem acontecido no colégio?
-Sei la.
-Como assim? -fiquei surpreso.
-Uai, eu não fui ao colégio nessas duas semanas.
-Isso quer dizer que você esta aqui desde que vim para cá?
-Sim, e aliás, fui a unica a vir. -ela falou fazendo uma cara de como se fosse algo muito estranho. Não era surpresa para mim meus pais não terem vindo, não era muito querido em casa.
08 - Eu sofro, mas não conto
Nunca fui muito namorador talvez porque a maioria das mulheres tem medo de mim. Não sou um monstro como quase todos pensam, apenas tenho momentos de raiva nos quais eu não me controlo muito bem, e fico um tanto... estranhos. Mas apesar disso, tentando olhar por um lado bom, consegui namorar alguém, mesmo que esse alguém tenha sido a pessoa errada, mas como nem tudo que se quer se pode, não vou reclamar.
Agora pensando um pouco, porque eu fiquei com a Ludmila sendo que eu gostava da Jordana? Simplesmente porque vi que no dia em que fiquei com a Lud, vi que nunca iria conseguir ficar com Jordana. E também, Jordana estava namorando aquele tempo, e até hoje ela namora o mesmo cara (não sei como ela não enjoou dele ainda), ela levava muito a serio namoros e relações amorosas.
-Mas e seu namorado? -perguntei- Ele não vai ficar com raiva ou ciúmes de você estar aqui esse tempo todo?
-Que namorado?- ela respondeu e fiquei de certa forma muito feliz- Ah você fala do Lucas certo?- ela falou em um tom de desprezo.
-É. Por acaso aconteceu algo entre vocês?
-Ciúmes.
-Como?-Perguntei.
-É que como eu estava ficando mais aqui do que no colégio com ele, ele ficou com raiva e decidi terminar com ele.
Ela falou como se ele tivesse sido nada, como se eles nunca tivessem se amado algum dia, ou como se ela nunca tivesse amado ele (o que eu suspeitava já tinha algum tempo). Vi naquela hora que tinha alguma chance ainda, ou pelo menos pensava que tinha alguma.
-Agora, mudando de assunto, onde você deixou a arma?- Perguntei a ela.
-Mas...Como?-Ela se espantou- Como você sabe que eu escondi a arma em algum lugar?
-Não sei muito bem, apenas desconfiei. Mas também eu te conheço muito bem e seu que você iria esconde a arma.
-Não vou te contar.- ela falou com raiva.
-Ta bom, mas também não precisa ficar com raiva!
Algum tempo depois, quando sai do hospital, em casa não foi um lugar bom para ficar, mesmo eu tendo sido uma vitima, levei uma bronca dos meus pais. No final de tudo, acabei saindo de casa, e indo para a casa da Jordana. É eu podia ir para la na hora que eu quisesse, pode parecer estranho, mas os pais dela gostavam de mim, me achavam uma boa influencia para ela (não sei onde).
09 - Uma volta um pouco conturbada
Acabei dormindo na casa da Jordana (meu pai não queria me buscar). Os pais dela falaram que eu podia dormir la, pensei em dormir na sala, em um colchonete, mas a Jordana pediu para eu dormir com ela no quarto dela, e não recusei. Calma la leitor, não fizemos nada de mais la, somos dois menores de idade em plena puberdade mas não, não fizemos o que vocês estão pensando, apenas ficamos conversando e assistindo TV. O quarto dela era muito grande, devia dar dois do meu e não era nada parecido com o de uma mulher normal.
Cor do quarto era azul escuro, quase um preto. Posters de bandas de rock espalhados na parede, uma televisão, um computador (que eu acho que tinha uma configuração perfeita), já pensava que ela tinha uma cama grande, mas não do tamanho que era, devia ter 2,3metros de comprimento por 1,9metros de largura. Na hora que entrei no quarto dela, percebi que ela era a rebelde da familia.
-O que foi?- ela perguntou- Fecha a boca ou um mosquito entra.
-Quarto...grande.....diferente.....- falei parecendo um idiota.
Ela pegou o colchão que os pais dela tinham me passado para dormir e colocou do lado da cama dela, ficou parecendo um bebe de quatro meses ao lado de um gigante. Peguei o lençol e o travesseiro que me passaram também e me deitei no colchão. Os assuntos das conversas foram muito...diferentes, falamos de comidas que não gostava-mos, pessoas idiotas que tinham no nosso colégio, o que fazia em momentos que não tinha nada para fazer, entre outros assuntos.
No outro dia, quando acordamos (só fomos dormir la pelas cinco horas da manha), fomos direto para o colégio. Não era muitos professores que usavam os materiais, então resolvi não ir para casa e pegar meus materiais. Quando entrei na sala, a primeira coisa que aconteceu foi levar um soco no braço. Estranho não? Mas era apenas uma brincadeira do Mauricio, um dos meus melhores amigos, que também estuda la desde o inicio do colégio.
-Como assim?-perguntei me levantando com a ajuda da Jordana.
-Beleza Wlad?-ele perguntou como se nada tivesse acontecido.
-Beleza, mas você tinha que me dar esse soco?
-Na realidade sim. Você é idiota de tenta se mata antes de mim?-ele falou como se estivesse brigando.
-Nah, não ia morrer ali não, não queria.
Os mais velhos do colégio eram eu, Jordana, Mauricio, Maizena e Pedro. E de todas as pessoas do colégio, apenas esses eram meus amigos de verdade, eram os únicos que eu podia confiar. As pessoas do meu colégio eram...estranhas e muito vingativas, se você contasse o segredo a uma pessoa e depois de um tempo tivesse uma briga com a mesma, pode ter certeza, ele ia usar seu segredo contra você.
10 - Volto para casa
Não teve muita coisa no colégio, as aulas foram chatas como sempre e sem muito conteúdo. No intervalo, não vi o Lucas nem nenhum dos amigos dele, o que para mim foi bom, não queria entrar em alguma confusão tão cedo. No fim das contas, foi um dia até tranquilo e pacifico, mas estranho, muito estranho.
Quando cheguei em casa, a primeira coisa que me acontece la é levar uma surra dos meus pais. Porque eu levei uma surra? Nem sei ao certo. Eles falaram tanta coisa enquanto me batiam, e era tanta coisa sem noção que no fim das coisas, eu não consegui entender nada, mas acho que era porque eles queriam relaxar. Sei que é um motivo estranho, mas era a realidade.
A pior coisa de levar uma surra la em casa, não é nem a força que meus pais colocam, apesar de ser muita, mas sim o que eles usam para bater. O inicio é com um cinto com agulhas cravadas no meio, eles dobravam o cinto para doer mais e tiveram que colocar as agulhas no meio, depois, para completar a surra, uma palmatória com amolador de navalha, que era simplesmente um pedaço de madeira grossa que era envolvida em um couro. Para melhorar as coisas, eles me faziam tomar banho em limonada e sal.
Você deve estar se perguntando agora eles gastam tanta coisa só para me maltratar? Bom, na realidade não custa nada, já que no nosso quintal temos um pomar com 4 limoeiros. Mas apesar de tudo, de todo esse trabalho que eles tem, já me acostumei com a tortura, apesar de que a pior parte é a do banho, eu apanhava quase toda vez que ia para casa.
depois de minha surra rotineira, fui para o computador, atualizar minhas redes de contatos e jogar um pouco. Quando entrei no msn, Jordana já veio falar comigo:
-"oie!! Tudo bem?"
-"tirando a surra de agora a pouco sim."
-"Mais outra surra? Você devia morar em outro lugar Wlad"
-"pois é, mas eu não tenho nenhum lugar para ir!"
-"Não tem ninguém da sua familia que mora perto do colégio não?"
-"tem meu primo, mas... ele é estranho..."
-"estranho como?"
-"ele é meio bobo."
-"Hum..."-Um longo silencio se manteve até que:
-"você não quer vir morar aqui não?"
-"O QUE?????"
-"ÉÉÉ...cabei de perguntar para meus pais se você podia vir, eles não se importam"
-"mas eu teria que levar muita coisa para sua casa(mentira) e também não tem onde eu dormir"
-"ah! tem sim"
-"mas eu dormi no seu quarto nesse fim de semana!!"
-"tem um de visitas"
-" ¬¬'' e porque eu não dormi nele?"
-"eu falei para os meus pais que você iria dormir só o final de semana, então eles pegaram só o colchão e te deram para você dormir no meu quarto"
-"Certeza que eu posso ir?"
-"SIM!!!!! eles deixaram"
-"acho que vou pra sua casa então..."
-"AGORA?!!?!
-"não...ainda tenho que arrumar meus trem pra poder ir para sua casa..."
-"Ah ta.."
-"Deixa eu ir la arruma antes que meus pais cheguem da reunião da igreja"
-Tah....bjus e até daqui a pouco"
-"bjus"
11 - Meus pais se preocupam comigo
Comecei a arrumar minhas coisas, roupas, materiais e meu video game, nada mais. Coloquei tudo em uma mala que meu pai costumava colocar as roupas dele e as da minha mãe quando vamos viajar e mesmo assim sobrou espaço. Coloquei a mala na sala e fui tomar banho, mas minha mãe chega e me pergunta:
-Aonde você vai com essa mala?
-Vou passar uns dias na casa de um amigo meu.
-Quantos dias?
-Talvez duas semanas, mas pode ser mais.
-O QUE?-ela gritou-Não vai mesmo!
-Por que? Se eu fico aqui eu apanho, mesmo não tendo feito nada!
-Que gritaria é essa aqui?- Chega meu pai perguntando.
-Não é nada não pai.
-Que nada o que menino! Ele está querendo ficar duas semanas na casa de um amigo dele, vê se pode!
Meu pai nunca me proibiu de ir na casa de um amigo meu, contanto que não fosse ele quem buscasse ou levasse, para ele não importaria muito. Depois de pensar um pouco sobre a situação meu pai falou:
-Quem vai te levar?
-Vou de busu.
-E onde ele mora?
-Mora la perto do colégio mesmo.
-Tudo bem. Eu te levo, tenho que entregar algumas propostas la por perto mesmo. Mas vê se volta pelo menos.
-Você vai deixar?- minha mãe gritou indignada.
-Ah, e o que é que tem? Ele já é um vagabundo mesmo, não faz nada da vida. Deixa ele se ferrar.
Foi a primeira vez que minha mãe perdeu uma discussão comigo. No fim das contas meu pai ainda me deu um pouco de dinheiro caso tivesse que sair com meu amigo, cerca de R$80,00. Quando sai do carro liguei para a Jordana e perguntei a ela:
-Como faço para ir do colégio para sua casa a pé?- ela riu-É serio, eu não lembro!
-Pode deixar que eu vou ai te buscar.
-Mas eu quero ir a pé ok?
-Ah nem! Tem que ser a pé?
-Sim to ficando meio gordinho, e vai ser bom para você também.
-Tá falando que eu sou gorda?
-Não não não. O meu pai de cabeça raspada, deixa de ser chata e vem logo para cá. A pé por favor.
-Ta bom, eu vou, mas é você quem vai fazer massagem nos meus pés quando chegar aqui em casa.
-Você ta brincando não?
-Eu não. Agora tchau, to indo te buscar agora.
-Mas, mas....-ela desligou antes que eu pudesse reclamar
12 - O caminho de volta
Estava agoniado durante a caminhada, queria poder falar para ela que a amo e independentemente do que acontecesse eu iria ficar do lado dela. Se vou sofrer quando ela ficar com alguém? Talvez, mas isso não importa para mim, amo e nunca vou amar outra pessoa como a amo agora. Voltando à caminhada, pergunto a ela:
-Você tem certeza que eu posso ficar na sua casa?
-Tenho!-Ela falou com animação
-Eu estou com medo de alguma coisa.
-Por que?
-Sei lá. Eu tenho que fazer uma coisa, mas não sei o que vai acontecer se eu fizer isso.
-E o que é?-fiquei em silencio por um tempo mas falei
-Eu...eu tenho que falar com a pessoa que eu gosto.
-E quem é?- ela me perguntou com mais entusiasmo.
-Não posso falar,,,você conhece muito bem e ficaria surpreendida com isso.
-Ah não! Bom acho que te entendo. Mas falo uma coisa, ela tem muita sorte.-eu fiquei até feliz em ouvir aquilo, tinha me dado mais esperanças-Eu ficaria com você, mas você é meu amigo e ficaria muito estranho.
Sabia que estava muito bom para ser verdade. Até antes daquele "mas" eu tinha decidido que ia falar ali e naquela hora, porém depois que ela falou, minhas esperanças foram por água a baixo. Sabia que poderia ser isso, mas não ia desistir dela, não com tanta facilidade. Ia deixar as coisas acontecerem, talvez....talvez um dia ela ficaria comigo.
Quando chegamos na casa dela, fomos arrumar meu novo quarto, bom eu fui arrumar, tinha certas coisas na minha mala que eu não queria que a Jordana visse. O quarto não era tão grande, mas ainda assim era maior que o meu e tinha mais coisas também, como uma cama maior, uma televisão, um guarda-roupas maior, bem tudo melhor e maior do que eu tinha.
Mais tarde no jantar, fiquei com vergonha, eu estava comendo com os pais dela! Já era algo além do que eu imaginava (nunca consegui almoçar no mesmo lugar e na mesma hora que meus pais), eu não sabia o que ia acontecer e por isso estava com medo. No fim, aconteceu o que eu imaginava, fui cortar um pedaço de carne (que por sinal estava um pouco muito dura) e a faca escorregou do prato e foi direto no meu dedo. Era fundo o corte, mas perguntei:
-Onde é o banheiro?
-No corredor, a porta da esquerda.-falou a mãe dela com uma cara de "como ele conseguiu fazer isso??" e nojo (digamos que meu prato estava com um molho especial)
Não imaginei que teria sido tão fundo quanto foi, eu precisava de pontos, precisava ir ao hospital, mas eu não fui. Não gosto muito de hospitais, sempre passo mal quando entro em um. Os pais da Jordana até me perguntaram se eu queria ir a um hospital, mas falei que não então eles nem me forçaram a ir.
13 - Nada que é bom dura
Tudo estava estranhamente bem na minha vida, moro com a pessoa que eu gosto, no colégio estou fora de qualquer confusão (pelo menos por agora), minhas notas nesse 3º bimestre até que não estavam tão ruins assim. Não tinha mais visto o Lucas no colégio, suspeito que ele tenha sido expulso ou algo assim, mas mesmo assim sabia que alguma hora ele ia aparecer por ali.
Já tinha passado duas semanas desde o incidente com o Lucas, ainda mancava, mas já fazia tudo normal. Estava indo tudo muito bem, até que um belo dia, voltando do colégio com a Jordana, ele aparece. Eu já o tinha visto como estava antes, com os olhos vermelhos da cor de sangue (mas não era por causa que ele tinha chupado muito sangue). Sabia que ele queria terminar aquela briga.
-Jordana, aproveita que estamos perto do colégio e chama os policiais que estão lá.-Depois que souberam que tinha armas no colégio, aumentou o numero de policiais por ali.-Enquanto isso, vou tentar segurar ele aqui.
-Há! Eu posso estar sem minha arma, que VOCÊ roubou, mas eu sei lutar.-Ele falou depois que a Jordana foi buscar ajuda.
-Isso é o que veremos.-Ele veio para cima de mim.
A luta nem durou muito tempo, já que estavamos a um quarteirão e meio do colégio, mas foi o bastante para ele cortar minha boca, o braço com alguns hematomas e um olho roxo, mas também não deixei por menos, mas num foi muita coisa, só um olho roxo. Quando os policiais chegaram, ele tentou correr, mas consegui derrubar ele. Acho que ele foi preso, não sei, mas também acho que ele conseguiu se safar dessa.
-AI!-gritei de dor quando a Jordana passou um algodão com um remédio no meu lábio.
-Vira homem e para de gritar menino.-Disse ela brincando.-Sabia que isso ia acontecer.
-É..mas era a unica coisa que eu podia fazer para me livrar daquele traste.
-Pensando por esse lado, é foi até bom sim.
-Menos um problema. Agora só falta outros milhões de problemas.
-Falando em problemas e soluções, falou com a menina?
-Não.-Do jeito que eu respondi ela nem me perguntou o porque.
14 - Consequências
Dois meses se passaram desde então. Provavelmente os melhores dois meses da minha miserável vida. Não. Não foram. Jordana começou a ficar com alguém, o Leonardo. Fiquei com ciúmes, muito ciúmes, mas deixei o tempo passar e a vida acontercer, tentei não criar problemas, mas não sei se consegui. Jordana nunca foi de me contar seus segredos, mas também nunca foi de não conversar comigo, como estava acontecendo depois que ela começou a ficar com o Leonardo.
No colégio minhas notas melhoraram, como estava morando com a Jordana, ela me obrigava a estudar, mas também estava se esforçando para estudar, ela não era muito disso. Nossa rotina ficou meio monótona, colégio de manha, a tarde quando não ficávamos no colégio ficávamos um tempo estudando (ou fingindo) e depois ficavamos conversando ou jogando alguma coisa, fazendo nada literalmente.
Um dia não aguentei o clima tenso que estava e perguntei:
-CHEGA! O que aconteceu ou o que eu fiz que está tudo assim tão tenso?
-Anh?- ela me olhou surpresa- Não é nada.
-Como assim não é nada? Nossas conversas são quase sempre a mesma coisa e você está com algum segredo. Eu sei disso!
-Não... não é nada. Preocupa não. Não quero que você se incomode com isso.
-Ou! Eu sou seu amigo! Pode me contar, eu já passei por muita coisa, vai que eu posso te ajudar?
Ela começou a chorar. Eu não sabia o que eu fazia, aquela era uma situação em que eu nuca estive antes, mas algo me falava que eu devia ajudar ela, escuta-la. Quando a Jordana começou a desabafar, comecei a entender o que estava acontecendo, porque ela estava tão triste e porque ela não falava muito comigo. Leonardo pediu para ela que não conversasse comigo, parece que ele sabia de alguma coisa, algum segredo muito importante dela e estava usando isso para ficar com ela (apesar de ela gostar dele). Fiquei com muita raiva, era a pior coisa que alguém podia fazer, ficar com alguém a ameaçando. Eu tinha que resolver o problema, não só por ela, mas por mim também.
15 - Um amor, um problema em dobro
Eu sabia que eu tinha que fazer alguma coisa para ajudar ela, só não sabia o que. Passei a ir com a Jordana nos encontros dela com o Leonardo, apenas porque eu não podia "ficar sozinho na casa dela". Quando os dois iam embora, eu seguia Leonardo, para saber mais sobre ele e poder me vingar pela Jordana.
Todas as vezes ele ia a um lugar, que eu decidi que deveria ser o bairro onde fica a casa dele, que eu não gostaria de ir. Lá é pior do que uma favela quanto a drogas e prostituição e certas coisas que é melhor não escrever aqui, mas quanto a moradia é melhor. Nunca perguntei para a Jordana onde o Leonardo morava, talvez porque eu não queria faze-la sofrer só de tentar lembrar onde morava a pessoa que a maltratava, mas apesar disso sabia que ele morava em um lugar não muito pobre.
Mais tarde, depois que Leonardo foi para a casa dele (que por um acaso era grande pra caramba) a Jordana me liga para falar que eles iam se encontrar um pouco mais tarde, já não bastava o encontro de agora a pouco ele queria ver ela de novo. Depois do meu pequeno ataque de ciúmes, vi ele saindo e comecei a ver ele indo para o lado mais favelado do bairro dele. Sabia que eu estava correndo risco de vida, ser sequestrado e outras coisas piores(se é que existe), mas eu estava muito curioso para saber o que ele iria fazer do outro lado do lugar que ele deveria estar indo.
Quando ele parou, me escondi em um bar que estava, por um acaso, do meu lado. Ele tocou a campainha de uma casa que estava prestes a cair, mas que ainda tinha gente morando lá. Pensei comigo mesmo "Deve ser a casa do avô dele, ou algum parente dele", mas seria muito bom se fosse verdade. Ninguém menos do que o Lucas morava ali. Nunca em minha vida iria imaginar que os dois se conheciam, mas acabou que as coisas foram se encaixando.
Com o Leonardo amigo de Lucas, o primeiro só estava namorando a Jordana para ela contar onde ela tinha escondido a arma. Pensei que esse talvez fosse o segredo que a Jordana não queria me falar, mas ela havia dito que era um segredo sobre ela, o que não fazia muito sentido. Apesar disso, sabia que eles estavam tramando alguma coisa contra mim.
Depois que o Leonardo encontrou com a Jordana, de cara eles começaram a discutir. Ele estava brigando com ela falando que ela estava atrasada, ela retrucou mas ele ameaçou bater nela então ela ficou quieta. Quase não me controlei quando vi ele ameaçando ela e saio do meu "esconderijo" pra impedi-lo. Jordana disse que ela gostava dele, mesmo que ele batesse nela, ela ainda continuaria com ela.
Se eu não conhecece a Jordana como eu conheço, eu diria que depois da discussão, eu diria que eles se davam muito bem. Eles pareciam um casal de namorados normal. Andavam na pracinha abraçados, se beijavam muitas vezes e faziam varias coisas "normais". As vezes eles brigava, discutiam e sempre quem perdia era a Jordana, todas as vezes porque ele a ameaçava. Depois de uma briga dessas eu mandei uma mensagem para ela:
-"E ai? Como ta o encontro de hje? Essa ultima briga que teve foi feia em!"
-"Como você sabe que eu acabei de brigar com ele?? Você esta me vendo? Se estiver por perto me tira daqui por favor!!"
-"Ta bem, eu vou ai, mas depois vou continuar seguindo ele, sinto que hje vou encontrar alguma coisa para acabar com seus problemas."
-"Ta, tudo bem, MAS ANDA LGO! To odiando esse encontro."
Dez minutos depois eu apareço dizendo que o pai dela já tinha chegado. Depois, do lado de fora do shopping, ela me pergunta:
-Para onde nós vamos agora?-com uma cara de animação.
-Como assim NÓS? Eu vou continuar a seguir o Leonardo, você vai pra casa.
-Não vou não! Eu vou com você. E ponto final.
-Mas...Mas...-não tinha como falar não para ela.-Esta bem, mas é silencio e não é para parar em nenhum lugar. OK?
-Ta bom .-Ela falou com uma cara meio de decepção, mas logo mudou para animação de novo.
16 - Telefonema anônimo
Depois que Leonardo saiu do shopping, ele voltou para a casa do Lucas. Jordana ficou surpresa com o fato de que eles se conheciam, ela queria ir la e saber como eles se conheceram, mas lembrei ela que estávamos de "tocaia" e não podia fazer nada.
Os dois saíram e foram para um beco. Tive uma idéia, e descobri uma forma de acabar com os dois.
-Dois coelhos com uma cajadada só. Isso é o máximo de sorte que eu tive até hoje. -Comentei com a Jordana.
-Anh? O que você tá falando Wlad?
-Você não está vendo? Os dois são do trafico, apesar de que eu acho que o Lucas usa um pouco do que ele vender. -tinha visto os dois entregando alguma coisa para um outro jovem que saiu dali um pouco..."doidão"
-E o que você vai fazer?
-Alô? Eu posso fazer uma denuncia anonima?
-Você já está fazendo né? É melhor que você faça mesmo, eu não faria, apesar de ser o certo a se fazer.
-É verdade. -falei para ela.- É aqui na rua Joaquim Afonso, bairro dos Jaraguas. Sim, só que vocês podem mandar uma viatura agora? Acho que eles só estarão aqui hoje, não sei se estarão algum outro dia. Obrigado. Rápido porque acho que eles estão indo embora. Ah de preferência de sirene ligada. Obrigado.
-Eles estão vindo?
-Sim no máximo em dez minutos.
Doze ou treze minutos depois a viatura chega e pega os dois de surpresa, e leva Leonardo e Lucas presos. Pelo que eu conversei com o policial, eles iriam ser presos sem direito a fiança, já que foram pegos no flagra.
-Acho que agora teremos paz, não acha? -Ela me perguntou.
17 - Dias "normais"
O ano estava acabando, ia ser meu primeiro natal com a Jordana. Tive que ligar para meus pais para falar para eles que iria ficar por ali até Junho do próximo ano. Minha mãe não gostou muito, apesar de ter deixado do mesmo jeito, ela pensava que aqui eu estava estudando e fazendo as tarefas, o que era até verdade.
Tantas coisas aconteceram nesse ano, comigo aconteceu mais nesse ultimo semestre que teve seus altos, e precipícios. Alguns conflitos com meus pais, nada de mais, algumas confusões no colégio, professores colocam pressão no fim do ano, mas eu consegui me livrar de um problema, pelo menos por enquanto.
No natal eu recebi um presente dos pais da Jordana, nada de mais, um casaco. Adorei o presente. Digamos que nunca recebi um presente decente no natal na minha casa.
18 - Tentativa frustrada
-Hoje eu vou tentar descobrir o segredo que o Leonardo sabia.-Pensei comigo mesmo.- Jordana, tenho uma pergunta e você tem que responder.
-Já vi que o trem é serio. Fale.
-Bom...O que o Leonardo sabia que você não quer que eu saiba?
-Ah!-Ela falou com uma cara de espanto e desespero.-Preocupa com isso não, não é nada.
-Não quero saber! Se for um problema eu quero te ajudar.
-Não tem como você me ajudar. E não se preocupa com isso não, logo logo você vai descobrir.-ela falou triste.
-Como ele descobriu então?- Mudei de assunto logo que vi uma lágrima escorrendo pelo rosto dela, mas ela a limpou rapidamente.
-Bom. Acho que ele ouviu uma conversa minha e dos meus pais um dia lá no colégio.
Não quiz perguntar mais nada, isso estava deixando ela triste, muito triste e era algo que eu não queria fazer com ela logo no inicio do ano.
Tive que ir para casa, na realidade para o colegio encontrar minha mãe para fazer minha inscrição do terceiro ano. Não sei porque mas eu estava com medo desse ano, sabia que algo ia acontecer antes mesmo de imaginar.
19 - Aulas e monotonia
Durante todo o primeiro semestre, nada aconteceu, nem brigas, nem discussões, nada. Minha vida tinha voltado à monotonia de sempre. Minhas notas estavam aumentando devida a Jordana, vida social(algo que eu comecei a ter) estava normal. Eu tinha voltado a ser um "garoto normal".
Nas ferias, viajei com a Jordana e os pais dela para o litoral, no Rio de Janeiro, depois que os policiais invadiram as favelas, a paz no Rio aumentou 200%. O trafico tinha acabado e tudo estava bom la. Porque eu estou comentando isso? Bem nunca imaginei que isso realmente fosse acontecer, não no Brasil.
No Rio, Jordana quase ficou com um cara de la. Quase porque eu consegui convence-la que ele só iria machuca-la e que não ia dar certo um aqui e outro la do outro lado do mundo. Um dia na praia, algo muito tenso aconteceu, muito tenso mesmo, eu estava na parte um pouco mais rasa do mar e a Jordana na minha frente quando uma pequena onda, uma que conseguiu arrastar eu e ela, fez com que ela ficasse em cima de mim, a centimetros de nos beijar, deve ter demorado quinze segundos até que ela se levantou um pouco corada, rindo.
Foi a primeira vez que vi ela ficar constrangida com alguma coisa, e também uma das melhores coisas que me aconteceu. Pensei em tanta coisa nesses quinze segundos que o tempo parecia ter parado ali. Pensei em beija-la, mas sabia que ela não iria gostar e ia ficar de mal, então não fiz nada. Pensei depois que aquela podia ter sido minha maior chance de fazer algo, mas pensei também "eu não tenho sorte".
Voltamos na segunda semana de julho, todos mais bronzeados e eu torrado.
-Ai meu ombro!- falei quando deitei na minha cama.
-Ninguém mando você ir a praia ás duas horas da tarde né?-Falou a Jordana.
-Mas eu tinha que aproveitar! Nunca tinha ido a praia antes...
20 - Estranho
Está tudo muito bem na minha vida, não acha? Nada de ruim aconteceu até agora, eu estou um pouco mais "feliz", todos estão felizes, está tudo feliz. Parecendo até uma historia comum em que o herói (que no caso seria eu) consegue resolver todos os problemas. Mas pensando agora...quais eram meus problemas? Um inimigo que não sabe quando desistira ou então um problema com a sociedade.
Acho que se essa historia tivesse acabado assim, sem problemas, eu teria ficado com a Jordana, teria conseguido acabar com todos os meus inimigos e todos na sociedade me reconheceriam como um "cara melhor". Seria muito bom se Lucas e Leonardo fossem presos e nunca mais me perseguissem, mas ainda acho que vou vê-los, mais cedo mais tarde.
Voltando a historia.
-Wlad vamos fazer uma coisa maluca?-Perguntou Jordana.
-Vamos- falei animado, mas logo perdi essa animação- mas fazer o que?
-Sei la.
-Hum...Fala a primeira coisa que vem na sua cabeça e eu vou fazer com você. Independente do que for.
-Independente do que for mesmo?
-Mesmo.
-Doar sangue.
-O QUE?
-Você disse que ia fazer independente do que fosse.
-Eu e minha maldita boca.
Odeio agulhas, ainda mais quando se ligam a injeções e retiradas de sangue, mas como prometi, não podia desfazer. Lá fomos nós, parecendo dois humanistas preocupados com o mundo indo para um hospital tirar sangue para doar. Foi tão....... otimista para mim que me dava nos nervos saber que eu ia doar sangue.
Depois que tiramos sangue, a Jordana me pergunta:
-Qual o seu tipo sanguineo?
-Sei la. Mal gosto de tirar sangue vou querer saber o meu tipo sanguineo?
-Vamos perguntar pro enfermeiro que tirou nosso sangue.-Chegamos no cara- Moço, qual o tipo sanguineo do Wlad? Wladslaw.
-Hum, deixe me ver.- Ele pega o papel- Isso realmente é raro.
-O que?
-Vocês dois tem o mesmo tipo sanguineo e é o tipo mais raro, AB negativo.
Saimos do hospital e perguntei para a Jordana.
-Porque você queria saber meu tipo sanguineo?
-Ah sei la. Curiosidade eu acho.
-Sei.-Sabia que ela estava me escondendo algo.
21 - Novas complicações
Algumas semanas depois(como o tempo passa rapido não?), Jordana começou a passar mal mais vezes do que o comum, já que as vezes ela ia para o hospital, e teve que ser internada. Não entrei la, na realidade como você já sabe, eu naum gosto muito desse lugar, ela entrou com os pais dela e eu fiquei ao lado do sorveteiro(mesmo sendo meia noite).
No periodo de tempo que eles ficaram lá, o que foi um bom tempo, eu comecei a pensar em algumas coisas que acontecia com a Jordana. Ela quase nunca ia para a educação fisica, cerca de duas vezes no bimestre, vira e meche ela era dispensada por licensa medica, ela não podia correr durante muito tempo, segundo ela porque ela não tinha muita resistencia fisica. Ela deveria ter algum problema de saude, pelo menos é o que tudo indica.
Quando eles voltaram, os pais da Jordana foram para o carro e ela veio e me disse:
-Vamos conversar.
-Xiii não gostei.-falei.
E fomos andando pela rua, para a casa dela, mesmo não sendo perto da casa dela.
-Eu presciso de contar uma coisa Wlad.
-Boa, terrivel, ruim, ou apenas pessima?
-Acho que se você tirar o "boa" o resto tudo junto é o que define o que eu vou te contar.
-Não gostei de novo. Fala logo, qual o problema que você quer que eu resolva?
-Não acho que você possa resolver, é um tanto complexa demais.
-Então o que eu fiz que eu não deveria ter feito?
- Não não, não é nada disso. Você não fez nada, você sempre me ajudou. O problema é comigo dessa vez.
-Deixa eu adivinhar...sua saúde não está boa?
-É mais ou menos isso...só que ela nunca esteve boa.
-Ah, então quando você melhorar a gente vai para a Montanha Russa que você quer ir e....
-NÃO!- ela falou um pouco mais alto do que o normal.- Deixa eu terminar.
-Tá bom.
-Como eu posso te contar isso? Acho que vou ter que ser direta...
-Não gostei de novo.
-Cala a boca. Eu vou morrer em menos de 4 meses e você fica falando que você não gostou?
Eu fiquei em silencio. Não sabia que era algo tão dificil de acreditar. Ela, morrer em menos de 4 meses, não era algo que eu tinha previsto.
-Eu....o que...o que eu posso fazer pra te ajudar então?
-Nada. A unica coisa que pode me salvar é um novo coração, já que este que eu tenho, meu corpo já não consegue suportar.
-Uh...coração....mais serio do que eu queria que fosse.
Silencio.
-Vamos voltar, não quero passar naquele bar ali da frente.
22-Escolha
Depois de voltarmos do hospital, aquele clima tenso de que alguém estava próximo a morrer estava me dando nos nervos, ninguém conversava, ninguém fazia nada. Simplesmente todos jantaram e foram para seus quartos, menos os pais da Jordana que foram para a sala assistir televisão. Decidi tentar quebrar essa tensão perguntando certas coisas que provavelmente iria deixar o clima mais tenso ainda.
-Então, vamos lá. O que tá acontecendo com seu coração? Todos os detalhes.
-Você quer mesmo saber não é? Bom lá vamos nós. Simplificando as coisas e sendo bem direta, meu coração está maior do que meu corpo aguenta e o único jeito de eu sobreviver é se eu fizer uma cirugia para ter um "novo" coração. A doença é algo como megalo alguma coisa.
-Megalocardia?
-Isso. Essa merdinha mesmo.
Um novo coração? É realmente essa doença está me preocupando. Mas o que eu posso fazer? Até agora nada, e será que eu realmente vou poder fazer alguma coisa algum dia?.
-Quatro meses né?-perguntei.
-É, pouco tempo não?
-Mais ou menos.
Comecei a ter uma idéia maluca. Já estávamos em setembro, o que significava então que tinha até Janeiro para fazer a vida dela uma grande aventura ou apenas alguma coisa melhor. Significava também que as provas do 3º bimestre já estavam acabando e eu tinha quase certeza que eu e ela já tínhamos sido aprovados, já estávamos com a faculdade garantida, o que me fez pensar que realmente iria conseguir fazer algo.
-Vou te dar duas opções para você escolher tá certo?
-Mas pra que?
-Apenas escolha e eu você vai saber para que.
-O que você tá planejando Wlad?
23- Decisão tomada, próximo passo.
-Primeira: continuar nessa vida medíocre e monótona até que você....bem já sabe. OU segunda opção: sair por ai nesse mundo/país a fora se aventurando e tendo uma vida "feliz". Escolha.
Alguns minutos depois.
-Tem que ser agora mesmo?
-Sim agora.
Silencio. Ela estava pensando qual das duas ela iria escolher. Não sabia qual seria a escolha dela, mas sinceramente, queria que ela escolhesse a de sair pelo mundo. Pelo menos dessa forma eu teria como ficar a sós com ela. Mas também não queria força-la.
-Ah, quer saber? Já estou predestinada mesmo, vamos sair por ai e que se foda o resto.
-Uhul!Ainda bem.
-Mas...aonde vamos primeiro?-perguntou ela ansiosa.
-Acho qu...
-PERA. Essa segunda opção...como ela seria?
-Sei lá, iríamos sair por ai, viajando.
-Hum...
-Então, prepara suas malas que amanhã vamos sair. Já tenho uma idéia de onde vamos.
-Mas e dinheiro?
-Quanto a isso, bem acho que eu consigo pegar com meus pais o dinheiro da formatura. Nunca quis ir mesmo.
-Então eu pego o meu com meus pais. Então...para onde vamos primeiro?
-Bom isso é meio uma surpresa, mais tarde te falo.
-Para onde os mocinhos pensão que vão?-falou a mãe dela entrando de penetra no quarto.
Bem, eu e a Jordana eramos muito amigos, e sempre nos viamos nas situações mais embaraçosas. Dessa vez, estávamos na cama dela, quase como eu em cima dela, em uma posição um tanto constrangedora para os dois.
-Bom quanto a isso, acho que eu posso explicar.-Levantei vermelho como um pimentão.
Explicamos para a mãe da Jordana e ela concordou que fizessemos isso.
23- Decisão tomada, próximo passo.
-Primeira: continuar nessa vida medíocre e monótona até que você....bem já sabe. OU segunda opção: sair por ai nesse mundo/país a fora se aventurando e tendo uma vida "feliz". Escolha.
Alguns minutos depois.
-Tem que ser agora mesmo?
-Sim agora.
Silencio. Ela estava pensando qual das duas ela iria escolher. Não sabia qual seria a escolha dela, mas sinceramente, queria que ela escolhesse a de sair pelo mundo. Pelo menos dessa forma eu teria como ficar a sós com ela. Mas também não queria força-la.
-Ah, quer saber? Já estou predestinada mesmo, vamos sair por ai e que se foda o resto.
-Uhul!Ainda bem.
-Mas...aonde vamos primeiro?-perguntou ela ansiosa.
-Acho qu...
-PERA. Essa segunda opção...como ela seria?
-Sei lá, iríamos sair por ai, viajando.
-Hum...
-Então, prepara suas malas que amanhã vamos sair. Já tenho uma idéia de onde vamos.
-Mas e dinheiro?
-Quanto a isso, bem acho que eu consigo pegar com meus pais o dinheiro da formatura. Nunca quis ir mesmo.
-Então eu pego o meu com meus pais. Então...para onde vamos primeiro?
-Bom isso é meio uma surpresa, mais tarde te falo.
-Para onde os mocinhos pensão que vão?-falou a mãe dela entrando de penetra no quarto.
Bem, eu e a Jordana eramos muito amigos, e sempre nos viamos nas situações mais embaraçosas. Dessa vez, estávamos na cama dela, quase como eu em cima dela, em uma posição um tanto constrangedora para os dois.
-Bom quanto a isso, acho que eu posso explicar.-Levantei vermelho como um pimentão.
Explicamos para a mãe da Jordana e ela concordou que fizessemos isso.
24-Uma nova vida começa.
Depois que decidimos viajar pra onde der na telha, fomos ver para onde iríamos.
-Wlad, porque eu estou com medo de saber pra onde vamos?
-Sei la, não sou você. Mas preocupa não. Você vai gostar de lá, eu acho.
Tinha lembrado de um sonho dela. Viajar até a praia para se divertir, sair e fazer as loucuras que todo jovem quer ter. Não sabia o que ia acontecer, quem iríamos encontrar ou o que faríamos. Só sabia que iríamos. A unica passagem que deu para comprar foi de ônibus, já que a gente deveria guardar pra pagar hotel, comida e tudo mais.
A viajem era longa, tinha muita coisa para fazermos e conversarmos. Pensei em tentar fazer o que sempre quis, mas logo que entrei no ônibus, vi que tinha algumas pessoas que conhecia a gente. Fiquei com vergonha e acabei não fazendo.
Como presente da mãe da Jordana, por fazer ela feliz até o ultimo momento, ela me deu um video-game portátil, um nintendo DS. Passei maior parte da viajem jogando, conversando com a Jordana e me escondendo de quem eu conhecia. Não queria que eles me vissem sem meus pais. Fiquei um pouco com a consciência pesada, não tinha dito nada para meus pais, mas também, eles não iriam querer nem saber.
No meio da viajem, na parte mais esburacada, meu precioso passatempo de jogar tinha acabado a bateria. Ainda estávamos na metade do caminho. O jeito é conversar. Conversa vai conversa vem, buraco ali buraco aqui, o ônibus passa em uma panela que deveria caber um elefante, que fez com que eu e a Jordana trombássemos e nos beijássemos. Sim, nos beijamos. Deviamos ter ficado por uns trinta segundos nos beijando. Quando percebemos o que tinha acontecido, todos estavam olhando pra nós.
-Que foi? Que que vocês estão olhando?...-falei com a cara vermelha.
Todos continuaram olhando. A Jordana, vendo que a situação ia ficar um tanto escura avermelhada, pegou e me beijou de novo. Não entendi nada. Minha cabeça começou a rodar, não sabia se era por causa do beijo ou porque o ônibus passou em um buraco e bati minha cabeça em algum lugar e estava sentindo algo escorrer. Tivemos que parar na próxima cidade. Eu não tinha perdido muito sangue, mas tive que dar alguns pontos na minha cabeça.
Voltando pro ônibus, todo mundo perguntou se eu estava bem.
-To ótimo, tanto é que tiveram que costurar minha cabeça pra conter minha alegria.-falei um pouco com raiva e fúria(só não sabia porque estava assim).
Chegamos na cidade de noite, estávamos cansados e com fome. Tínhamos de arranjar algum lugar(barato) pra ficar, e comer alguma coisa. De alguma forma encontramos um lugar que pagávamos trinta reais o casal cinco noites(um motel). Depois pedimos uma pizza média pra alguma pizzaria qualquer que tinha ali perto.
-Você vai dormir comigo na cama não é Wlad?.-Jordana me perguntou depois que terminamos a pizza.
-Vou?
-Vai, se não volto agora mesmo pra casa com o dinheiro que ta na minha conta, ou seja todo o dinheiro.-Tivemos que colocar na conta dela ao invés de sair com o dinheiro vivo por ai.
-Fazer o que.
Quando estavamos na casa dela, as vezes ela tinha esse ataque de doideira e falava pra eu dormir com ela na cama dela. Eu ia, mas de noite eu voltava pra minha cama depois que ela dormia. Eu já estava acostumado com aquilo e estava contando que iria fazer ali também. O problema é, minha cama não está do lado da cama como está na casa dela. Antes, eu apenas rolava e caia na minha cama, agora se eu fizesse isso, cairia no chão. Decidi tentar dormir uma vez com ela, na cama dela, ao lado dela, e, se possivel, ABRAÇANDO ela.
Na cama, ela já estava dormindo, eu estava abraçando ela, fazendo tudo o que eu queria fazer, quando ela começa a se mexer demais. Era braço batendo na minha barriga, pesada na minha coxa. Eu estava sendo surrado por uma dorminhoca, que coisa mais estranha de se pensar. Por fim, quando percebi, estava na borda da cama, a uma pesada de cair. Não foi mais de um segundo. Bati a cabeça, e acordei no hospital...de novo.
25-Felicidade de pobre.
No hospital tive de refazer o curativo. O médico falou para tomar mais cuidado já que consegui(de alguma forma) abrir ainda mais o machucado. Agora eu não podia fazer nada, nem mesmo andar muito, ou então o curativo abria.
Jordana estava um pouco aflita, ela queria que eu fizesse tudo com ela, montanha russa, kamikase entre outras coisas.
-Direto pro parque ou você quer passar em algum lugar antes?
-Pro parque. Tem certeza que você quer que eu me divirta sozinha?-perguntou
-Tenho. Já estamos aqui e eu não vim para me divertir, vim porque queria você tivesse tudo o que quisesse.
Ela me beijou e fomos para o parque. Casa mal assombrada, montanha russa, kamikase, roda gigante e eu não podia ir em nada, talvez na roda gigante, mas nada com muita emoção. Minha viajem havia acabado, e foi, de certa forma, inútil. Para não acabar também com a viajem da Jordana, falei que ia arranjar um lugar para comermos.
-Uma hora da tarde em frente à bilheteria, O.K.?-perguntei confirmando.
-Hunf...tá bom, mas não concordo que só eu me divirta aqui.
-Apenas vai.
Vaguei pela cidade a procura de restaurantes. Meia hora antes do encontro com a Jordana, alguem me liga.
-Alo?
-Ola, ola, ola. Quanto tempo Wlad!
-Uh...quem ta falando?
-O que? Não está reconhecendo minha voz?
-Er..........não.
-Ora bolas. Será que depois que se entra na prisão a voz muda?
-NÃO!!Mas...Como...Você fugiu da prisão?
-Não que isso. To sentado na cadeira elétrica, aproveitando a energia pra te liga. É lógico que eu fugi sua mula.
-O que você quer agora?-perguntei.
-Olha mudou o tom de voz, ta mais "hominho". Não quero nada demais, só a sua cabeça. Agora a não ser que você queira que a cabeça dos seus sogrinhos caiam antes, é melhor você voltar.
-Como vou saber se você realmente está com eles?
-Simples.
-NÃO VENHA WLADSLAW, ELE EST....-um barulho de tapa.
-Cala boca sua velha. Bom voltando. Acho que já deu para confirmar não?
-O que eu tenho de fazer?
-Me encontre no galpão abandonado, perto do colégio daqui a dois dias.
-DOIS DIAS? Mas estou a três dai!!
-Dois dias.-e desligou.
Bom não estava a mais de doze horas do Lucas, indo de um ônibus rápido, bom e de um único dia, então tenho um dia e meio para pensar no que eu iria fazer, se ia contar a Jordana ou não e tentar me divertir um pouco. Logo depois que desliguei a Jordana me aparece. Disfarcei um pouco minha cara pensativa para que ela não percebesse. Acho que deu certo. Iríamos almoçar em um restaurante até chique, mas nada muito extravagante. Ainda tínhamos R$900,00 então podíamos nos dar esse luxo.
De noite, depois de algumas horas de discussão rotineira, Jordana foi dormir e eu fiquei acordado pensando no que eu faria no próximo dia.
26- 36 Horas.
-Ai minhas costas.
-Ninguém mandou você dormir no "sofá".
-É, mas ninguém mandou você ser agitada na cama.
Nos olhamos. Aquela frase tinha ficado tensa, muito tensa. Rimos, nos beijamos e..........mais nada. Tínhamos de sair, aproveitar o ultimo dia, e eu tinha de contar a ela.
-Vamos pro cinema?
-Vamos, mas... assistir o que?
-Assistir tudo logo.
-TUDO?!-Ela perguntou animada.
-É tudo. Vamos só comprar nossas passagens para amanhã e separar a diária e vamos assistir.-Separei o dinheiro-É ainda temos R$453,00.
-Vamos fazer o que depois disso?
-Bom acho que voltar pra cá, já que estamos sem ir no cinema faz um bom tempo.
Eram onze horas quando chegamos no cinema. Decidi contar a ela o que estava acontecendo antes dos filmes para que ela esquecesse e não se preocupasse tanto de noite. Deu meio dia, já tínhamos comprado os ingressos, o filme começava em meia hora. Ia ouvir ela brigando comigo durante um tempinho, mas nada que não dê para aguentar, era a hora de contar.
-Jordana, tenho de te contar uma coisa.
-Não gostei- ela falou com uma cara de desgosto.
-Nem eu pra falar a verdade. Ontem antes de......-e contei para ela.
-O QUE!!!!! MEUS PAIS!!
-Calma, calma. Eu já sei o que eu vou fazer, não precisa se preocupar.
-Mas....mas....Agora to sem animo pro filme.
-Vamos logo que já pagamos e não paguei atoa não.
Assistimos oito ou nove filmes. Nos dois primeiros até que assistimos muita coisa, ela ainda estava desanimada com a noticia. Nos outros, bem não me lembro de quase nenhuma cena.
27- Um dia, um novo dia, o ultimo.
O dia passa, voltamos para o hotel e arrumamos nossa mala. O ônibus partia em dez minutos. Provavelmente iríamos chegar perto de onze onze e meia, então não ia ter muito tempo pra fazer tudo o que eu queria.
-Jordana você tem de me prometer uma coisa.
-O que?
-Se alguma coisa acontecer comigo você vai ter de levar meu coração.
-Isso eu já sei!
-Mas não estou falando nesse sentido, você vai ficar FI-SI-CA-MEN-TE com meu coração. Pelo menos assim não vou ter morrido em vão.
-Você nunca vai morrer em vão. Você conseguiu me fazer feliz até mesmo quando eu pensei que iria morrer! Você é para mim um anjo, um amigo, um amor. Você é tudo!
Acho que aquele foi o beijo mais longo que demos. Um calor começou a crescer dentro de mim, parecendo que eu ia pegar fogo, eram tantas sensações naquele beijo que quando paramos não foi porque queríamos e sim porque estávamos totalmente sem fôlego, suados e cansados.
Dormimos durante toda a viajem.
* * *
Chegamos eram onze e quarenta e cinco, tinha quinze minutos para ir pro local em que o Lucas havia marcado. Tivemos de pegar um taxi, já que correndo nunca iriamos chegar na hora.
-São R$35,00
-E com isso nosso dinheiro acaba.
-Tudo?-perguntou ela não acreditando.
-Não, sobrou um e oitenta.-ela me olhou numa cara que provavelmente dizia "isso não dá pra nada".
-Quantas horas?
-Hora de ir correndo para o galpão antes que algo de ruim aconteça.
Sai correndo rumo aquele ex-ginasio, antigamente era ali o point de jogos estudantis, farras, etc. Antigamente mesmo, acho que já era antigo quando meu pai era da minha idade. Falando nele, nunca mais falei com meu pai nem minha mãe, também, não queria. Não me sentia parte daquela familia.
Cheguei no portão, a corrente enferrujada que "trancava" o ginasio estava jogada no chão a uns cinco metros dali. Estava um pouco aberto, como se convidasse alguem para entrar. Pela ultima vez, assim como naqueles filmes de terror supremo em que você sabe que se você ir, não vai voltar. Mesmo assim eu entrei.
-A hora chegou.
28-2ªRodada
Tudo escuro, algumas tralhas no chão nas quais eu tropecei, algum animal (eu espero que seja um animal) que eu também tropecei. Era meio dia e eu não conseguia enxergar um palmo na minha frente, não era como se não tivesse nenhuma luz entrando, até tinha, alguns minúsculos furos no teto, mas não conseguiam iluminar nada.
Parei, pensei que estava no meio da quadra, andei uns dez doze metros, tropeçando, mas andei.
-Olá? - Um tempo de silencio, mas ninguém respondeu.-Covarde, prefere fazer isso no escuro.-falei baixinho pra mim mesmo.
-Quem disse que vou fazer no escuro?- falou uma voz atrás de mim.
As luzes acenderam e Lucas estava nas minhas costas. Não sei se tinha mais alguém com ele porque não tinha nenhum interruptor ali perto. Ele segurava um bastão ou apenas um pedaço de ferro(não que não seja a mesma coisa). O primeiro golpe acertou minhas costelas, fiquei um pouco sem ar e cai. Peguei a primeira coisa ao meu lado e taquei nele. Não foi bem o que eu queria tacar. Era um pedaço de madeira podre (provavelmente da armação do telhado), e quando acertei ele, bem, não aconteceu nada com o Lucas, mas com aquela "arma", explodiu no braço dele sem deixar nem um arranhão.
-He...era pra me machucar ou para me sujar?- Ironizou ele.
Lucas agora começou a me espancar, acertou minha perna, meu braço. Não conseguia mais me movimentar nem para me proteger. Vários chutes, socos, até que ele acertou minha cabeça e não vi mais nada.
***
Acordei sentado numa cadeira, no meio de uma quadra. Não consegui identificar nada que estava no chão, meu olho devia estar inchado. O gosto metálico do sangue na minha boca estava me dando um pouco de náuseas.
Lucas estava fatigado, sentado em uma mesa ao longe, mechendo em alguma coisa. Esforcei-me para ver no que ele mechia e identifiquei uma arma. Seria agora a minha hora de morrer? Finalmente ele conseguiria me derrubar?
***
Acordei novamente, já tinha perdido a noção do tempo. Lucas deu um tapa na minha cabeça, fazendo todo o meu corpo doer. Ainda estava, um pouco, vivo.
-Preparado para começarmos com a brincadeira?
Eu devo ter falado alguma coisa, mas saiu indecifrável.
-Vou aceitar isso como um sim.-falou ele.
Ele estava segurando uma pistola, parecida como a anterior, daquela que ele havia levado pro colégio, mas essa estava mais nova, ou pelo menos, menos gasta. Ainda calibre 38.
-Essa arma é nova não é?-Perguntei fazendo muito esforço para ele entender.
-É sim. Porque?- perguntou Lucas com uma cara de sem entender a pergunta.
-Só um trouxa pra comprar uma arma manual ao invés de uma automática. Se fosse uma de outro tipo talvez você me mataria de uma vez.
-Cala a boca.-e me deu uma coronhada na cabeça.- Vamos começar o jogo. Desta vez vou colocar quatro balas. Você tem apenas duas chances de sobreviver.
-Acha que eu tenho tanta sorte assim?
-É só para conferir.
Ele girou a arma, assim como fez da ultima vez, no colégio, e colocou na minha cabeça. De novo, tive minhas lembranças, mas com uma diferença, dessa vez quem mais aparecia era a Jordana. Tudo o que tive com ela, todas as brincadeiras, beijos e outras coisas que é melhor eu não dizer. Tive vontade de tentar me soltar, mas de qualquer jeito ele iria me matar, quais eram as minhas chances? Duas em seis? Deixei ir. Ele atiroi.
TEC
-É você realmente é muito sortudo Wladslaw. Mas dessa vez, é melhor de três.
Não escapei da outra.
THE END...................................................................
-Então..esse é meu fim?..................................................................Eu ainda acho que não.
29- Morto?
Sera que quadno alguem morre ele fica vagando pelo mundo assim como eu estou agora? Ou será que eu ainda tenho mais alguma coisa a fazer? Mas o que eu podia fazer? Assustar criancinhas na noite de Halloween? Não faz meu tipo. Será que eu ainda posso viver normalmente, mesmo com uma bala na minha cabeça?
Que seja. Vou aproveitar que estou aqui e vou ver como a Jordana vai ficar com meu coração, acho que é a unica coisa a que vou servir agora. Ela deve fazer a cirurgia em alguns dias, ou quando descobrirem meu corpo, assim os pais dela...... OS PAIS DELA! ONDE ESTÃO OS PAIS DELA? Se eu tinha vindo aqui salvar eles onde eles estavam?
...
DE alguma forma eles estão na casa deles e meu corpo também esta ali. Pera que dia é hoje? Quando eu vim para cá? Eu estava no galpão e estava refletindo e agora estou aqui....bem pelo menos eles estão bem.
2 semanas depois
Ainda estou aqui...Vendo tudo acontecer sem poder interferir, brigar, agradecer, fazendo nada basicamente. Hoje, não sei quantos dias se passaram, a Jordana vai fazer a cirurgia para "trocar" o coração. Finalmente "vou" salvar ela.
Eu tinha lido a respeito dessas cirurgias, eles tem de coloca-la em coma, fazer com que uma maquina faça o bombeamento do sangue para enfim fazer a cirurgia.
-Wlad?- falou uma voz atrás de mim.
Me virei. Ela estava ali.
-HUM??!!! Como...JORDANA!!!!!
-WLAD!!
Nos abraçamos. Era como se estivéssemos mortos, mas ainda ali no mundo. Foram longas 12 horas de cirurgia com algumas complicações, mas que os médicos conseguiram resolver. No fim a cirurgia foi um êxito. Ela já estava quase voltando quando nos beijamos pela ultima vez. Um beijo que fez meu..."corpo"/espirito tremer.
-Eu te amo.-Falei para ela.
-Eu amo mais.
Então, de alguma forma, ela desapareceu da minha frente e acordou na UTI.
***
Depois da cirurgia nada de tão importante aconteceu na vida dela. Quanto ao Lucas e o Leonardo, bem, nunca mais se intrometeram na vida da Jordana, também, parece que eles morreram de overdose depois de fazer uma mistura de cocaina, maconha, heroina, LSD e outros entorpecentes, tudo injetado de uma unica vez.
Passaram dois ou três meses, não sei ao certo, já que perdi a noção do tempo e a Jordana se juntou a mim. Sim ela morreu também. Não foi de um jeito muito bom. Ela sofreu um pequeno acidente de carro. Em uma viajem com os pais dela, de noite o filha duma p.... dormiu no volante e acabou acertando eles. Não ficou nada agradavel de se ver.
...
...Mas pensando agora...se eu estou morto, a Jordana está morta, para quem eu estou falando?
............
Agora sim..
FIM